POR QUE APARECEM CABELOS BRANCOS EM JOVEM?



A cabeça de todo adolescente é repleta de pensamentos insurgentes e sonhos, mas para muitos, além disso, desponta nela a canície precoce. O que é isso afinal?  Nada mais, nada menos, do que cabelos brancos.

Ao se deparar com essa novidade, nada agradável, invariavelmente, após o sobressalto e arrancar o fio, reinam os questionamentos sobre as causas. Como as queixas têm sido frequentes, as pesquisas científicas estão mais aceleradas. 
Ao buscar a opinião de diversos especialistas em tratamento capilar, chegou-se a um consenso: ainda não há tratamento para canície precoce. Existem algumas formas eficazes para suavizar o impacto e voltar a ser feliz, mesmo grisalho, na juventude.  Para os homens, dizem, até confere certo charme e ares de maturidade. No entanto, para as mulheres a repercussão é bem diferente!  
É variável a idade do aparecimento dos primeiros fios brancos. Essa individualidade é determinada pela genética. O mais comum é que os cabelos embranqueçam a partir dos 30 anos de idade. Entretanto, hoje se veem muitos jovens com os primeiros sinais de cabelos grisalhos ainda aos 14 anos ou menos. 
De acordo com Sampaio e Rivitti, autores do livro Dermatologia, o cabelo embranquece pela falta de produção de melanina pelos melanócitos da matriz do pelo. Para os autores, a canície propriamente dita é uma descoloração fisiológica adquirida dos cabelos e pode ser classificada em senil e prematura. 

 

 

"Até hoje é difícil porque não existe nada que pode ser feito com o cabelo envelhecido"     











 


Ela começa a aparecer nas têmporas e, gradualmente, atinge todo o couro cabeludo.  Aqui, nosso maior interesse é pela prematura.
Ainda segundo os autores, no tratamento do branqueamento capilar, a tintura pode ser aplicada rotineiramente, assim como é importante lançar mão de diversos tipos de tintas. "Deve-se, porém, observar algumas reações alérgicas, que podem surgir no couro cabeludo, provocadas por corantes", alertam os médicos.
Marta Helena Fiusa, cabeleireira, 37 anos de profissão, afirma que atende muitos clientes jovens com cabelos brancos, tanto homens quanto mulheres. Ela lembra um episódio de 1987, quando aplicou tonalizante no cabelo de uma garota que completava 
15 anos. “A debutante estava muito triste porque a moçada falava que ela estava velha, em função dos fios brancos. Eu colori e ela se sentiu bem melhor”.
Posteriormente, outros jovens formandos na faixa etária de 20 anos procuraram os mesmos recursos. "Na época — recorda Marta —, saiu um produto para homens que disfarçava o branco e aproximava o tom natural com muita eficiência". “Até hoje é difícil porque não existe nada que pode ser feito com o cabelo envelhecido, a não ser tingi-lo. Como o cabelo branco possui textura grossa, ele fica mais evidente. Tenho um cliente de 21 anos que já está com 15 por cento de cabelo branco. Ele se mostra um tanto desesperado, sobretudo porque a região em que aparece o cabelo branco é na parte da frente”, conta a cabeleireira.

 


Nesses casos, as mulheres lideram a quantidade  das pessoas que procuram um salão de beleza. Muitas associam a canície prematura com a queda de cabelo. Para melhor orientação, Marta sempre recomenda consultar um dermatologista. Ela constata que os jovens são muito resistentes a aceitar o uso de química no cabelo.

Eles concordam somente em ocasiões especiais, mas depois não querem manter essa prática como uma rotina, por excesso de atividades. O homem está curtindo mais um corte diferenciado, para amenizar a cor. Por outro lado, o jovem está mais atento à questão da genética.

E cada pessoa busca seu estilo mais original, como, por exemplo, as japonesas, que colorem o cabelo sem mudar a cor. As loiras fazem mechas e ficam bem naturais e, no início, para manter a coloração, bastam duas aplicações ao ano.

PALAVRA DE ESPECIALISTAS



"A gente tem mania de não descansar e manter o cérebro em atividade, pensando no dia de amanhã antecipadamente. É errado. Isso gera muito estresse"

Eduarda Cartafina, psicóloga, 24 anos, que teve fios grisalhos aos 21 anos, também teve o susto como sua primeira reação, assim como a maioria dos jovens ao detectar o primeiro fio de cabelo branco.

Acredita-se que na juventude essa precocidade pode, ocasionalmente, aparecer em decorrência do estresse, mas isso ainda está sendo estudado, não havendo tal comprovação. Segundo a psicóloga, o certo mesmo é que a genética é a maior causa.
A vida agitada dos jovens, na análise de Eduarda, modifica a produção de hormônios e pode, por consequência, alterar a cor dos cabelos. Agora, do ponto de vista psicológico e considerando-se
possíveis situações difíceis vividas na juventude, a pessoa enfrentará com mais dificuldade o processo de branqueamento dos cabelos, podendo gerar frustrações, recalques e baixa autoestima. Para amenizar e proporcionar melhor aceitação, a psicóloga afirma que a psicoterapia ajuda muito. 
“A gente tem mania de não descansar e manter o cérebro em atividade, pensando no dia de amanhã antecipadamente. É errado. Isso gera muito estresse e cobrança desnecessária”, afirma. Eduarda ressalta que a inquietação do jovem é muito grande com trabalho, faculdade e até diversão, já que ele quer ser independente, o que acarreta estresse e decepções, porque as vontades nem sempre são alcançadas.

As mulheres sentem-se mais chateadas com essa ocorrência, em especial pela exigência social de boa aparência e pela própria vaidade, o que as leva a pintar os cabelos todos os meses ou até quinzenalmente. "É natural a preocupação feminina com a estética", salienta a psicóloga, considerando que hoje o homem também anda muito vaidoso.

Para diminuir o desconforto emocional, Eduarda indica aos jovens praticar alguma atividade esportiva, como as lutas marciais, por exemplo, para liberar endorfina, pois esse hábito canaliza a mente para outras nuances da vida. Por fim, Eduarda Cartafina é categórica: “dá para viver feliz, sim, com alguns fios brancos na juventude, pois, se incomodar, existe recurso, como pintar o cabelo”.

Dermatologista é Fundamental para descartar doenças


 

“É um dos sinais de envelhecimento, de degeneração, porque o cabelo para de gerar melanina, o hormônio produzido por células específicas da pele, chamadas de melanócitos. A canície precoce tem como causa o fator genético. Existe uma programação genética para o momento em que ele ficará branco. Vale destacar que o cabelo branco nem sempre é sinal degenerativo, pode estar presente em alguma síndrome, como, por exemplo, o vitiligo segmentar, que é uma doença cutânea”, adverte a dermatologista Giovanna Prata Ciabotti, graduada na Santa Casa de São Paulo, onde também cursou especialidade.
Manuella Quirino Gomes, dermatologista graduada em Manaus, especializou-se em São Paulo e cursou Pós-Graduação em Cabelo, pela Sociedade Brasileira de Cabelo. Ela também considera como principal causa o fator genético. “Com o tempo, o cabelo vai perdendo sua cor original. É bom observar quando os pais começaram a ter cabelos embranquecidos; assim é possível ter uma média da época que os filhos os terão”, afirma. Ela segue explicando que outras causas, como estresse e o hábito de fumar, ainda não são comprovados.
"Existem alguns estudos — informa a médica — demonstrando que a falta de vitamina D pode acelerar esse processo, ou também quando se constata a baixa de vitamina B5 e de ácido pantotênico". Manuella ressalta que, se houver alguma doença causando a canície, é recomendado tratamento médico, como no caso da reposição vitamínica, evitando-se assim que apareçam fios brancos.
"É um dos sinais de envelhecimento, de degeneração, porque o cabelo para de gerar melanina, o hormônio produzido por células específicas da pele"
 

 

"Como os cabelos brancos ficam mais espessos e sem elasticidade, o portador de canície deve hidratá-los com frequência"

"Infelizmente, ainda não existe tratamento para canície", diz Giovanna, referindo-se à Tricologia como um braço da Ciência que congrega profissionais da Saúde e da Estética para estudos das doenças do cabelo e do couro cabeludo, que, juntamente com outros pesquisadores, ainda não encontrou a maneira para evitar a canície precoce. 
Sobre o tratamento, a dermatologista Manuela Quirino, tem o mesmo entendimento, ou seja, existem vários estudos tentando comprovar e identificar o sentido da perda dessa pigmentação, especialmente em laboratórios na Índia e nos Estados Unidos, mas tratamento corretivo ainda não há. Uma vez instalada, não tem como reverter, a não ser com produtos químicos.
A função essencial do dermatologista nesse caso é descartar outras patologias que podem envolver a canície precoce. Não existe medicamento para paralisar a proliferação dos cabelos brancos e a tintura é o recurso mais indicado para cobri-los. "Como os cabelos brancos ficam mais espessos e sem elasticidade, o portador de canície deve hidratá-los com frequência, usando produtos capilares mais nutritivos”, sugere a médica. 
Tem como prevenir? A dermatologista Giovanna responde: “Se formos analisar os componentes ambientais, recomendamos uma boa alimentação, cuidados com a saúde, vida mais saudável, ritmo mais sereno no cotidiano, tudo para colaborar com o equilíbrio do corpo, impedindo que ele degenere rapidamente e isso inclui o cabelo”. A médica revela que existem médicos prescrevendo algumas vitaminas para fortalecer e aumentar a quantidade de cabelos na cabeça, mas ela, cautelosamente, até agora não comprovou a eficácia e não prescreve.

Cientificamente, a perda precoce dos cabelos pigmentados ocorre em todas as raças, não existindo qualquer distinção para esse embranquecimento. "Da mesma forma — explica Giovanna —, os dois sexos podem ser acometidos no mesmo percentual". O diferencial é que incomoda mais a mulher, e o homem parece ser mais resistente a tratamentos estéticos, como a tintura, pois requer manutenção periódica. 

 

Mas, atenção, mulheres, na gravidez, especialmente no primeiro trimestre, é melhor não arriscar a tingir o cabelo, evitando-se assim eventual problema na gestação", avisa a dermatologista Giovanna. Ela acrescenta que na prática clínica nota-se o aumento da incidência de fios brancos entre os jovens, mas não existem pesquisas que comprovem esse fenômeno. 
Para a dermatologista Manuella, quando um jovem por volta dos 15 anos identifica fios brancos é necessário procurar o dermatologista. É importante investigar principalmente se os pais e avós tiveram ou não a mesma ocorrência. É comum o jovem em torno de 25 anos apresentar esse quadro, mas sem ter qualquer outra alteração.
“É frequente o aparecimento dos cabelos brancos, mas a procura no consultório é baixa — diz Manuella — porque as pessoas consideram isso normal, pensando somente na estética”. A dermatologia avalia o cabelo e as possíveis doenças no couro cabeludo para os devidos tratamentos, se necessário.
Se arrancarem um fio branco, nascem sete? “Isso é mito. Não nasce. Nasce somente mais um branco, assim como não aumenta a queda de cabelo”, enfatiza Giovanna Prata Ciabotti.

Eles são jovens e têm cabelos brancos


 

"Nunca fui alvo de zoação; às vezes, tinha algumas brincadeiras, mas nada que me abalasse"
Com 17 anos, cursando o Ensino Médio, descobriu o primeiro fio branquinho. O impulso imediato foi arrancá-lo. Com a crescente proliferação dos grisalhos, ficou impossível combatê-los, conta a médica Alícia Coraspe, hoje com 27 anos de idade.

Ela observa que muitas pessoas, principalmente os homens, falavam que era feio uma mulher jovem com cabelo branco. “Mas isso não afetava a minha convivência social”. Qual a causa desse processo prematuro?

Para ela está centrada na hereditariedade, embora os pais não tenham sido acometidos por essa precocidade. Para a família, a canície pode ter sido desencadeada por estresse pós-traumático. Para especilistas, pode ser a conjugação dos dois fatores, ressaltando que a hereditariedade abrange gerações anteriores aos pais. 
Reconhecendo a acelerada progressão da canície capilar nos últimos anos, a médica encontrou a solução ideal: fazer “luzes”, ou seja, clarear os fios naturalmente loiros, misturando-os com os brancos, pois ainda não cogita pintar os cabelos, somente fazer a manutenção adequada. 
É possível usar da criatividade no estilo das luzes e ter um cabelo bem cuidado, ocultando os brancos.
Hoje, com 21 anos, o estudante de Medicina Giovanni Franco conta que desde criança possui uma mecha branca. “Eu nasci loiro e a mancha era mais escura”, diz. A mecha grisalha é na parte de trás da cabeça de Giovanni, assim não é considerada canície. No caso dele, é a chamada poliose, ou seja, embranquecimento prematuro e localizado.

As causas conhecidas são hereditárias e congênitas, geralmente, ocorrendo na parte frontal da cabeça. "Na fase infantil pode ser confundida pela família como canície precoce, mas é importante ter avaliação médica de especialistas", recomenda a dermatologista Giovanna Prata Ciabotti.

 



Mesmo assim, por se tratar de jovem, abordamos o assunto que também é bastante prevalente. Bem tranquilo, Giovanni está familiarizado e não sente incômodo algum, aliás, reconhece não ser portador de nenhuma anormalidade.

“Nunca fui alvo de zoação; às vezes, tinha algumas brincadeiras, mas nada que me abalasse, sempre lidei muito bem com esse tipo de coisa”. Ele recorda que antigamente esses cabelos esbranquiçados chamavam atenção das pessoas.

Elas observavam mais devido à sua estatura. Hoje, com quase  1,80 metro, a mancha branca, localizada numa região não muito visível, passa quase despercebida aos olhos dos curiosos.

  

 





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